Há 364 dias publiquei um post tão depressivo quanto um verdadeiro Natal deveria ser. Ninguém comentou o post, mas recebi e-mails e até telefonemas de leitores amigos que leram e tiveram pena de mim. E saber que alguém sente pena de você é algo bem humilhante.
Então prometi a mim mesma que, no próximo ano, publicaria um post super bonito. Talvez eu até publicaria um cartão. Talvez eu até aprenderia a fazer o cartão e o publicaria! Talvez as pessoas ainda deixassem comentários do tipo "Que bom que você está feliz, Rafaela. Feliz Natal para você também. E a propósito, que cartão lindo. Foi você quem fez?".
Mas não. Não foi possível. Continuo não sabendo fazer uma arte sequer no computador. E continuo não tendo o que comemorar nas datas de final de ano. E não tenho nada para compartilhar com vocês, a não ser posts tristes (ou engraçados, caso você seja um leitor sádico).
Meu 2009 não foi pior do que meu 2008. Muitas coisas boas aconteceram: graças à Juliana, consegui um emprego super bacana. Fui ao show de uma das minhas bandas preferidas... Bom, na verdade só aconteceram duas coisas boas na minha vida em 2009.
Ok. Loser!Já posso recomeçar as lamentações?
Nunca tive um Natal inesquecível. As lembranças que tenho dos meus natais são muito vagas. Quando eu era criança, ia ceiar na casa da minha avó. A ceia era um pretexto para sair de casa e dar tempo pro Papai Noel deixar minha Barbie - nunca a casa dela - debaixo da nossa samambaia fantasiada de pinheiro. Isso até a minha professora do pré-primário me contar que Papai Noel não existia.
Nos anos seguintes, a ceia na casa da minha avó era um pretexto para comer. Isso até que um dia, a minha tia, recém-casada com um homem divorciado, convida a família dele para passar Natal na casa da minha avó. O marido da minha tia bancou toda a festa. Ou seja: todos os netos dele tinham docinhos à vontade.
A minha avó pegava um guardanapo e me dava cinco docinhos para eu comer escondido debaixo da escada, pois o "dono" da festa estava regulando os comes e bebes. Isso até meus pais ficarem revoltados ao verem meus olhinhos brilharem por uma empadinha e não poder comê-la.
A minha avó pegava um guardanapo e me dava cinco docinhos para eu comer escondido debaixo da escada, pois o "dono" da festa estava regulando os comes e bebes. Isso até meus pais ficarem revoltados ao verem meus olhinhos brilharem por uma empadinha e não poder comê-la.
Eles me levaram embora de volta para casa. Meu presente estava lá, debaixo da samambaia. Não era mais Barbie - quem me dava Barbie era Papai Noel. Agora era uma boneca do Paraguai que falava "mamãe" em coreano, ou seja lá qual era aquela língua.
Pouco tempo depois – não sei precisar quanto – o marido da minha tia morreu e o Natal voltou a ser "bancado" por minha avó e contava com a participação de alguns parentes. A samambaia da minha casa também já havia encontrado o reino dos céus. Agora tínhamos um pinheirinho de mentira, com 40 cm de altura. Do lado dele, um embrulho muito pequeno para ser a casa da Barbie. Abri o pacote e lá estava mais um presente que eu não pedi. Não reclamava, claro! Pois sabia que era a única coisa que meus pais puderam comprar.
Pouco tempo depois – não sei precisar quanto – o marido da minha tia morreu e o Natal voltou a ser "bancado" por minha avó e contava com a participação de alguns parentes. A samambaia da minha casa também já havia encontrado o reino dos céus. Agora tínhamos um pinheirinho de mentira, com 40 cm de altura. Do lado dele, um embrulho muito pequeno para ser a casa da Barbie. Abri o pacote e lá estava mais um presente que eu não pedi. Não reclamava, claro! Pois sabia que era a única coisa que meus pais puderam comprar.
E a vida continuava. Isso até a minha avó falecer. Não tínhamos mais outro lugar para comemorar o Natal. Passamos alguns natais com parentes que não faziam muita questão de nos ter como visitas. Isso até uns cinco anos atrás, quando meus pais e irmão desistiram de vez do Natal. Eu ainda persisti no erro.
Durante esse hiato natalino, eu montava a árvore sozinha. Cozinhava alguma coisa diferente, só para dizer que comemos algo típico no Natal. Vestia roupa nova e carregava as pilhas câmera para fotografar a “noite feliz”. Só que a ceia em casa terminava às 21h, quando todo mundo aqui de casa já estava com pijama e chinelos.
Não foi bem assim que eu planejei. Mas fazer o quê?