domingo, 12 de outubro de 2008

Divas no Divã 10 - Dia das Crianças: memórias e reflexões


Minhas Barbies eram meio lésbicas. Eu explico! Estima-se que no Brasil existam quatro mulheres para cada homem. Tal cenário pode ser observado na vida dos brinquedos que tive quando criança: ganhava duas Barbies por ano. Mas nunca tive um Ken (ou Bob).

Tentei fazê-las se apaixonarem por um Ursinho que eu tinha e pelo Jaspion de plástico do meu irmão. O Jaspion era menor do que a boneca e era difícil fazê-los se beijarem, e o urso era muito "urso" para namorar uma "humana". Afinal, é mais fácil piriguetar um herói japonês do que um animal da floresta.


Sem homens na Terra dos Brinquedos, as Barbies mais bonitas e com vestidos mais novos namoravam as bonecas mais velhas e maltrapilhas, que faziam o "papel" do homem. Inclusive, elas falavam grosso e atendiam por nomes masculinos. Eram 'Kens'com peitões e cabelo loiro comprido.


Além de um namorado sem pêlos e com braços fininhos, minhas Barbies também não eram proprietárias daquela casa linda e cara, por isso, moravam debaixo da mesa da sala. E como não tinham carros, dirigiam o caminhão de bombeiros do meu irmão. Era prático, pois o "carro" já vinha com mangueirinha e água acompladas, podendo ser lavado a qualquer hora. Um luxo!


Também não tenho boas lembranças dos brinquedos "tecnológicos". Comportava-me muito bem, mas mesmo assim, Papai Noel (aquele velho safado!) nunca trouxe o maldito Pense Bem. Videogames também demoraram chegar em minha casa, porque minha mãe dizia (ou dava a desculpa, sei lá) que videogame estragava a televisão. Ganhei um Atari 2600(usado!) quando todo mundo já enjoava de Megadrive. Enquanto meus colegas de escola não aguentavam mais jogar Sonic, eu ainda me aventurava na novidade chamada Pac-man (vulgo "come-come"). Quando ganhei um Super Nintendo, a maioria já tinha o 64 e alguns, Playstation. Quando a Sony pensava em fazer um PS3, ganhei um Playstarion 1, já aos 16 anos, e era viciada em Tony Hawk´s Pro Skater.


Quanto aos jogos de tabuleiro (fazendo uma analogia ao Banco Imobiliário) tive mais reveses do que sorte.Na verdade, sorte não tive nenhuma! Ganhei os clássicos Banco Imobiliário e War no Natal de 1999, quando não era mais criança. Meu sonho mesmo era ter um Jogo da Vida, mas nunca nem brinquei com ele. Nessas horas eu tenho inveja do Bernardo ("Ah, não, jogo da vida?").


Todo esse lenga-lenga é para refletir sobre o atual significado do Dia das Crianças. Não sei se elas continuam a pedir brinquedos nessa data, mas tenho certeza de que elas não ligam se sua Barbie beija outra boneca (se é que as meninas ainda brincam de boneca!) e os meninos não vão querer matar os pais se não ganharem um autorama. Os tempos são outros, as crianças, também, mas, mesmo isso não é motivo de não desejá-las um feliz Dia das Crianças. Para elas e para as crianças que ainda habitarão nossas mentes férteis por muito tempo.